tag:blogger.com,1999:blog-18611860851266601072024-03-14T05:26:19.887-03:00Fragmentos de Livro@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.comBlogger14125tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-7096456891682470332010-08-23T01:39:00.001-03:002010-08-23T01:45:25.962-03:00Almas, praia e luar.<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">Aqui a noite nunca é escura. As ondas continuam quebrando no mar inquieto, enquanto meus pés passeiam pelos desenhos disformes do calçadão. Atordoado pelo calor infernal, que sempre faz perder o sono e a pele queimar pedindo algo com vida.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">Na areia da praia, próximo às rochas, as chamas nas latas movem-se segundo mandam os ventos e as pessoas conversam junto à música que toca num celular sobre as pedras da extremidade da praia. O anoitecer padece sob a luz forte da lua, iluminando os corpos condenados que, agora, se despem, correm até a praia e mergulham, enquanto outros cantam e dançam bêbados em ritmo descompassado. <o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal" align="justify"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">O garoto sentado na areia me perguntou algo sobre cerveja ou vodka, mas minha atenção fora roubada, por uma garota loira parcialmente despida, de olhos claros e cintura fina.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Quem é? — apontei-a e perguntei sem tirar os olhos dela.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Natalie. Mas está perdida.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Perdida? — perguntei.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Os pais se separaram não faz muito tempo. — ele tragou o cigarro que estava segurando e logo continuou. — Sabe como é, garota rica. Só está se rebelando enquanto não cai a ficha. — soltou a fumaça, e fitou-me com um sorriso singelo.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Não cai a ficha de...? — indaguei, confuso.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">Ele completou.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— De que isso aqui não é vida. — deitou-se e os cabelos loiros enrolados sujaram na areia. — Álcool, almofadas... latas pegando fogo numa segunda-feira à noite. Nenhuma dessas pessoas está aqui porque querem estar. Estão, pois pertencem a esse lugar. E ela certamente não pertence aqui.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">—Talvez pertença. — e olhei-a pela segunda vez naquela noite. De pele branca à luz da lua, serena com seus cabelos loiros sobre os seios descobertos. Deitada, ela apontava o céu como quem desenhava estrelas. <o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0.9pt 0pt 3.6pt; tab-stops: 36.0pt; mso-layout-grid-align: none" class="MsoNormal" align="justify"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">Estranhamente, meus olhos flamejantes não cessaram em admirá-la, embora aquela noite tenha sido muito maior. Eu havia acabado de encontrar duas belas almas, que caminhariam e dançariam comigo até o fim dos meus dias.<o:p></o:p></span></span></p>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-20329365160313353032010-08-18T16:58:00.002-03:002010-08-18T16:59:24.828-03:00Les yeux au ciel<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">E os olhos ao céu delatavam seu divagar. Sentado num banco, esperando, passava os dedos pelas nuvens que cobriam todo o teto do mundo. Não podia tocá-las, sem dúvidas, mas podia imaginar como seria senti-las. De repente, uma brisa suave passou por seu rosto, molhou sua mão, e lhe doeu, pois lembrava como o vento corria nos campos paranaenses.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">Passou a admirar as poças de água nas calçadas de São Paulo, notou que caía uma garoa fina e estendeu a mão para senti-la. Terra da garoa era o que diziam e lhe atentava tanto, parecia tão belo pela televisão, e agora ele tinha toda a bagunça, toda a chuva e toda a solidão. As pessoas não andavam, corriam. Havia um grande barulho, que, aparentemente, somente incomodava a ele. <o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">A boca pouco abriu e gostaria de gritar suas saudades, mas não tinha coragem de gritar contra aquele gigante, que estava acordado, mas apenas o torturava. Era a vida. Ele agarrou o peito, pela blusa, puxou-a, tentando livrar-se do sentimento de vazio. A mão à cabeça, desespero. Um piscar de olhos e...<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Saudade? — disse a garota, segurando o café que fora buscar.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Insuportável. — respondeu, sem olhá-la nos olhos.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Eu gostaria de te levar a um café. Conversar e comer chocolate.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Eu adoraria, e talvez seria muito feliz ao seu lado, mas estou ocupado.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Olha pra mim.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Ocupado.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— Eu te amo.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">— E por algum motivo eu continuo preferindo a dor.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">...<o:p></o:p></span></span></p>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com34tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-50285832852417290322010-08-03T00:40:00.001-03:002010-08-03T00:40:26.284-03:00MAKE ME WANNA DIE<p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">Eu adoro quando eu corto minha boca em frente ao espelho e o sangue escorre pelos lábios. Adoro passear com os dedos pelo meu corpo, manchando-o com parte de mim e sentir que tudo mudou. Tudo mudou e estranho encarar isso. Olha a luz! Teus olhos nesse teto de um branco encardido e minhas costas gelando nesse piso molhado.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">E não preciso citar as drogas. Deixa o texto pesado, redundante, e nem ao menos me orgulho. É importante citar quando olhos são fechados e vêm aquelas luzes coloridas à cabeça, girando, piscando. O gosto de tequila, de sangue, do seu corpo. Meu amor não se foi, foi você, mas não me deixa caminhar sozinho. Não deixa-me dormir sozinho. É tua voz. Teus olhos. Sorrisos. Promessas. Faz-me querer morrer.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">Eu sinto frio, me curvo, mas gosto da punição. É assim que quero acabar meus dias. Nu e num banheiro sujo, esperando que me salvem sem qualquer motivo coerente, pois eu mesmo não quero me levantar e tomar um banho, colocar roupas e forjar sorrisos.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;">Qualquer que sejam suas músicas, não me anima. Não são beijos ou abraços. Tentativas. Ele tem minha alma e não faz sentido buscar por outro filme. Eu agarro a cortina e choro, porque meus gritos não me aliviam mais. É vazio por dentro e o desespero me sufoca. <strong>YOU-JUST-MAKE-ME-WANNA-DIE!<o:p></o:p></strong></span></span></p>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com23tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-75774621766975771652010-06-22T23:05:00.002-03:002010-06-22T23:07:04.071-03:00Inverno<p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1"> </span>Encostou a ponta da caneta sobre o papel desgastado. Buscando inspirações no coração apertado, trabalhou a primeira letra do pensamento como se o tempo fosse benéfico à autoria.<?xml:namespace prefix = o ns = "urn:schemas-microsoft-com:office:office" /><o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1"> </span>Era desorientado e cheio de sonhos. Agora, todo desventurado.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1"> </span>Os que o conheciam sabiam da sua grande tendência à melancolia, mas ele não os enxergava, não mais enxergava nem a si próprio. Sentia-se pequeno e desinteressante, não importava quantos livros lesse ou quantas canções compusesse naquele piano surrado de sua avó.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1"> </span>Respirou. Olhou a cadeira ao seu lado, onde costumava existir um grande expectador, seu maior expectador. O detentor de suas canções não estava mais ali para vangloriar as grandes feitorias do dramático apaixonado. Cortou-lhe o coração pensar. Debruçou fraco sob a pilha de papéis e, com as mãos ao rosto suado, acabou-se em lágrimas desesperadas.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1"> </span>A mão batera na garrafa de vinho, que caiu no chão e manchou o tapete. Ainda ouvia a água cair do chuveiro e bater na cerâmica da banheira. Ainda se lembrava do corpo descoberto sob a cama de lençóis bagunçados. E os cabelos despenteados desesperavam por entender, e ansiava pela loucura cada vez que lhe batia a lucidez.<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; MARGIN: 0cm 0cm 10pt" class="MsoNormal"><span style="LINE-HEIGHT: 115%; FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><span style="mso-tab-count: 1"> </span>Os dedos passearam pelas teclas do piano, mais tarde. Pulmões cansados deram espaço à ira...<o:p></o:p></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><em> De olhos brancos, encontro tua pele sob meus braços<o:p></o:p></em></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><em>E dói como o sangue deixa tua boca ainda mais bela<o:p></o:p></em></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><em>Lava toda essa dor do meu coração antes que ele pare por você<o:p></o:p></em></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><em>Mantém seus dedos sobre os meus e não adormeça mais<o:p></o:p></em></span></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><o:p><span style="font-family:Calibri;"><em> </em></span></o:p></span></p><p style="TEXT-ALIGN: justify; LINE-HEIGHT: normal; TEXT-INDENT: 35.4pt; MARGIN: 0cm 0cm 0pt" class="MsoNormal"><span style="FONT-SIZE: 12pt"><span style="font-family:Calibri;"><em>Chora que me ama mais uma noite, e serei eternamente grato.<o:p></o:p></em></span></span></p><p><em></em> </p>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com20tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-82444044617805854452009-09-14T01:34:00.000-03:002009-09-14T01:37:36.734-03:00Love's not what you do.<div align="justify"><span style="color:#ffffff;">__ </span>When the night reaches us and the lights turn on across the ocean. There’s some lost souls looking for something, and some others giving this one. The music sounds like a story, moving the people to others dimensions and telling them what to do.<br /><span style="color:#ffffff;">__</span> There’s somebody lost too. Someone who’s named Penny, and she wants too much to find there what she looked for every time in her life. There’s someone beautiful across the street, and he wants her to feel what he can do for this special moment.<br /><span style="color:#ffffff;">__</span> There’s someone to listen to my story? About a girl who can’t stay here anymore. She was the most charm girl I’ve seen before.<br /><span style="color:#ffffff;">__</span> Her clothes were flying without her in the street, making the music. Feel it in the bones. She was walking, dancing, drinking, and freaking out herself. She was amazing, so funny and beautiful. The people were used to see her, to watch her moving the body every psycho dance.<br /><span style="color:#ffffff;">__</span> She has decided to look back, and have found the most perfect soul. She tried to pretend him - fool kid - there’s no way to pretend this one. His eyes were filled with infinity, and she smiled. There’s no joke, he wants her more than he can imagine. NOT ABLE TO PLAY LIKE THIS.<br /><span style="color:#ffffff;">__</span> Both started to dance. The night’s burning their feelings and the game is just the beginning. It’ll be like a love, they’ll look like lovers, and their world will stop this night. The music makes them too close. Close enough to feel what they are.</div><div align="justify"><br /><span style="color:#ffffff;">__</span> <em>― You’ll keep crying. Coz everybody knows you weak. Just feel me, can you?</em></div><div align="justify"><br /><span style="color:#ffffff;">__</span> Two thousand stars. I’ve counted those.</div><div align="justify"><br /><span style="color:#ffffff;">__</span> <em>― Feel, my heart’s asking you. What do you wanna be?</em></div><div align="justify"><br /><span style="color:#ffffff;">__</span> Just feel it.<br /><span style="color:#ffffff;">__</span> And it’s coming closer.</div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-61791509071967770762008-12-04T20:21:00.001-02:002008-12-04T20:25:55.731-02:00Série: Algumas manhãs.<div align="center"><strong><span style="font-size:180%;">Preciosa demais (II)<br /><br /></span></strong></div><div align="justify"></div><div align="justify">Ele entrou, mas entrou feliz demais, e aquela felicidade que me entorpecia fez-me sentir nojo da que o entorpecia. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">Fez</span>-me sentir pena e ao mesmo tempo raiva de mim mesma.<br />“Saia daí, <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">Clarice</span>. Corra ou deixe o vento te levar”. “Dá-lhe uma bofetada, destrua as flores, traga a mesa a baixo”. “Pergunte o porquê. Há uma explicação. Lembre-se do homem que você conheceu um dia”.<br />― Não é nada disso que você está pensando.<br />― Me dê um bom motivo para não pensar agora.<br />― <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">Clarice</span>, ela é só uma amiga.<br />― É, eu acabei de descobrir que era uma amiga também.<br />― Você nunca foi só uma amiga.<br />― Não.<br />Eu o toquei pela última vez, e, mesmo que numa trombada, meu coração quebrou, amoleceu. Ele ainda era quente, mas como podia? A pele ainda era macia, mas isso eu entendia, já a temperatura.<br />Eu corria. Corria assim como o vento fazia ao irromper àquelas janelas. Eu deslizava pelas escadarias do prédio e não houve lágrimas nos primeiros momentos. Em choque ou não, meu coração não pulsava, mas eu sorri, sorri e sabe-se lá por quê.<br />O vulto de um Alencar vazou em minha vista quando as lágrimas caíram. E eu respirei o ar saturado da cidade marginalizada.<br />Os pássaros cantavam de verdade agora, os dançarinos riam e dançavam ao meu redor. A mentira me deu o abraço final.<br />― Já chega!<br />― <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">Clarice</span>!<br />Às minhas costas a mentira.<br />― Não chegue perto ― e eu ainda usava uma saia rosada.<br />― Vamos conversar, por favor. Eu te amo!<br />― E o cinismo? A hipocrisia? AMOR?!<br />― Deixa disso.<br />― Deixe isso você. Deixe isso voltar a viver. Deixe isso se não é o que quer. Se for homem largue meu braço agora e deixe isso voltar.<br />― <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">Clarice</span>, o que passa contigo? Nunca te vi assim.<br />― O que passa comigo já não importa. E se importou, importou há alguns dias, semanas. Ou melhor, diga-me você. Há quanto tempo deixou de importar?<br />E os carros faziam a orquestra no ambiente. O <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">farfalhar</span> de folhas lembrava a primavera brasileira e o cheiro de cigarro me lembrava o que eu tentava, a partir de agora, esquecer.<br />E para que resposta. Para que me satisfazer com o inevitável. Para que continuar culpando-o por algo que já estava decidido. E eu corri, corri como o vento.<br />― <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Clarice</span>?!<br />E eu virei até fitá-lo pela última vez.<br />― Eu nunca te amei.<br />― Pois eu sim ― e vi.<br /><br />― <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">CLARICE</span>!!!<br />E o mundo girou. Preto. O sol. Aqueles malditos olhos.<br />― <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">Clarice</span>, você está bem? Ah, meu Deus! Ficará tudo bem, não se preocupe.<br />Preto novamente. E minha respiração rondava o lago da morte.<br />― Eu te amo. Te amo e menti. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">Clarice</span>, fique comigo. Fique comigo.<br />Do preto ao branco eu vi. Era preciosa demais, ou melhor, havia me tornado preciosa demais.<br /><br /><span style="color:#990000;">― Pois eu sim.</span><br />E os faróis do caminhão se misturaram à luz do sol radiante. Radiante demais para ser de verdade. Os olhos lacrimejaram e deixaram seus rastros no céu seco pela humanidade. Os olhos se foram e os deixaram.<br />A preciosa caiu. Mas estava radiante. Radiante assim como quando se vê beleza na morte. Ela caiu radiantemente bem. Debruçou o peito achatado no chão e espalhou os cabelos louros no asfalto desnaturado.<br />O sangue pintou uma mecha dos fios dourados e deu a ela a cinematografia que sempre buscou. Ela caiu, mas caiu radiante aos meus olhos.<br />Os olhos, grandes olhos verdes, cintilaram no sol matutino. E a saia ainda era rosada e comportada. As pernas eram brancas como sempre as vi, e estavam pousadas no chão, sem vida. Ela havia se <span class="blsp-spelling-corrected" id="SPELLING_ERROR_10">tornado</span> sem vida.<br />O mundo girou preto. E eu a amava. Mas era preciosa demais para mim. Preciosa demais para este mundo preto. Preciosa demais...</div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com7tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-14855286252635844692008-12-03T19:47:00.000-02:002008-12-06T16:28:02.253-02:00<a href="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBR5qQAfhyphenhyphen5216B7AZVaUVnIlWu2KSQQbyE5Jxmuc1IhysBreNR0uKig7k1uOwjEYbzO8_Mk6_J132kcMvUNlKPPBitYBNfILw4lhWRNLsUxMmavdipfg3fnt92Y6whSlPKi4oXvspVjHJ/s1600-h/selo%5B1%5D.jpg"><img id="BLOGGER_PHOTO_ID_5275684031328253938" style="DISPLAY: block; MARGIN: 0px auto 10px; WIDTH: 140px; CURSOR: hand; HEIGHT: 151px; TEXT-ALIGN: center" alt="" src="https://blogger.googleusercontent.com/img/b/R29vZ2xl/AVvXsEjBR5qQAfhyphenhyphen5216B7AZVaUVnIlWu2KSQQbyE5Jxmuc1IhysBreNR0uKig7k1uOwjEYbzO8_Mk6_J132kcMvUNlKPPBitYBNfILw4lhWRNLsUxMmavdipfg3fnt92Y6whSlPKi4oXvspVjHJ/s400/selo%5B1%5D.jpg" border="0" /></a><br /><br /><div>Uma primeira homenagem ao blog. Felicitações ao autor d'<a href="http://a-casa-da-morte.blogspot.com/">A Casa da Morte</a>, que me presenteou com esse singelo selo. Espero que esse seja o primeiro de muitos, tanto para mim quanto para ele. E que os receptores dos meus três outros selos fiquem gratos assim como estou. Um abraço aos que lêem, e um <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">asseno</span> aos que visitam.</div><br /><div align="right">Minhas <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">gratidões</span>.</div><br /><div align="right"></div><br /><div align="justify"><strong>Presenteados:</strong></div><br /><div align="justify"><a href="http://lazarus-ltda.blogspot.com/">- Lazarus-ltda.</a></div><div align="justify"><a href="http://someupsets.blogspot.com/">- Some Upsets</a></div><div align="justify"><a href="http://psicanalisando-se.blogspot.com/">- Psicanalisando-se</a></div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-34328049707869558682008-11-28T20:28:00.000-02:002008-11-28T20:45:40.577-02:00Série: Algumas manhãs.<div align="center"><strong><span style="font-size:180%;">Preciosa Demais (I)<br /><br /></span></strong></div><div align="justify"></div><div align="justify">Aparência de manhã branca fantástica. Nela não havia pássaros, mas isso pouco importa, não me agrada seus cantares. As árvores eram quem faziam seus papéis. O vento rugia sobre elas e assim o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_0">farfalhar</span> das folhas alegrava ainda mais meu coração.<br />Os vizinhos já se encontravam afora de suas casas, entre pastas e bolsas. As faces estavam lavadas pelo sono e por vezes bocejavam. Os carros saíam das garagens ritmando a monotonia da manhã nada surpreendente e, em fila, migravam para a avenida principal.<br />O mundo podia não saber, mas aquele dia era muito maior para mim. Era o dia de exalar amor, pois eu estava cheia, cheia de amor e de vontade de gritar. Uma combinação na qual coloquei toda minha jovialidade e romantismo.<br />Eu me levantei da cama e havia música em mim. Não havia pássaros, mas, sim, eles cantavam. Não havia dançarinos, mas, sim, eles me envolviam. Era tudo uma grande mentira, mas eu estava adorando vivê-la.<br />Na rua, meus olhos rompiam com o clima britânico. Rompiam com os olhos secos e frios dos trabalhadores. Impediam-me de ser o que ontem eu fui. Na rua, os homens me olhavam estarrecidos, cochichavam em seus ouvidos e voltavam a falar da louca de amores.<br />O vento das seis da manhã sopravam minha saia rosada, e, enquanto eu a segurava, o sorriso luzia sem muito a que se prender. Eu odiava levar coisas comigo, mas aquele dia era outra história, era o dia em que me encontrava cheia de amores.<br />No prédio do apartamento dele fora outra situação. Já sou quase que conhecida por todos e foi fácil me infiltrar.<br />― Senhor Alencar, é hoje.<br />― Ora, vamos! Pode subir, minha filha.<br />― Lembre-se de me dar um sinal quando ele estiver prestes a chegar.<br />― Sem <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_1">sombra</span> de dúvidas ― e ele estava sorridente como aquela manhã.<br />As músicas de elevadores nunca foram tão agradáveis. E estes nunca demoraram tanto em minha vida. A contagem do térreo ao oitavo andar parecia infinita.<br />O corredor luzia à luz do sol, claro e e<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_2">ntorpecente</span>, rompendo pelas janelinhas de vidros-<span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_3">fumê</span>.<br />Eu abri a porta e deixei as coisas sobre a mesinha <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_4">tênue</span> de ferro castigado. O mundo gritava, ou quem fazia era meu coração, saltando a anseio de fugir de meu peito.<br />Eu aprontei, confiei, era uma mesa linda. Era um dia lindo.<br />― Pronto. Agora só preciso esperar.<br />Passaram-se uma hora, mas o sentimento era grande demais, ainda que ele deveria ter chegado há quinze minutos atrás, imprevistos acontecem.<br />― Perdeu o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_5">ônibus</span>. Ele sempre faz isso. <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_6">Rs</span>.<br />Mais um hora e esta ainda não havia sido capaz de abater-me.<br /><span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_7">Trimmmm</span>! <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_8">Trrrimmm</span>! <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_9">Trimmmm</span>! O sinal!<br />― Claro, o sinal! Ele chegou ― e o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_10">interfone</span> foi tirado do gancho, mas não houve reciprocidade de chamada. Era alegria demais.<br />Deixei o <span class="blsp-spelling-error" id="SPELLING_ERROR_11">interfone</span> sobre a mesa. Ajeitei a saia, alinhei os cabelos volumosos. Estava radiante, radiante demais para ele. Radiante demais para cair. Radiante demais para ser humana.</div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-5737032392716589092008-11-23T13:40:00.000-02:002008-11-24T14:23:56.895-02:00Estranho Soldado<div align="justify">O teto branco que eu fitava não dizia mais que aqueles olhos, reproduzidos sobre ele por tanto imaginá-los. Foram eles que permaneceram em minha mente, esta que não parava de raciocinar sobre os últimos momentos que eu havia vivido.<br />Quão idiota fui mediante tanta previsibilidade. Fora perfeito demais e essas circunstâncias me dão medo. Outra vez, disseram-me que, quando a felicidade muito te envolve, estão te preparando para alguma decepção.<br />Eu ainda estava despido, deitado em minha cama, quando a primeira lágrima rasgou minha face. Fora somente uma, mas o silêncio, após a turbulência, demonstra passividade, inexpressão, ausência de vida, e — acreditem no que lhes digo — é o que mais dói.<br />Não havia motivação, nem por que levantar-me. Eu já não pensava com natural discernimento, apenas buscava estático e estarrecido uma solução — ou, melhor dizendo —, uma explicação para aquilo tudo que se antecedia ao que estava vivenciando.<br />Não foi necessário, mais uma vez, uma coisa na qual coloquei minha certeza é que, as notícias ruins correm, e, na maioria das vezes, batem à sua porta.</div><div align="justify"> </div><div align="justify">(ps: isso também é um trecho. Não um pensamento filosófico)</div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com6tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-84849572519167318072008-11-15T01:06:00.000-02:002009-01-11T18:27:32.357-02:00Os Primordianos (Parte II)<div align="justify">— Como louca? Quero dizer... louca como? — disse o pai, morto de espanto.<br />— Eu não sei! Estávamos todos lá... na sala... ela estava bem. Estava tudo muito bem — e caiu no choro aos braços da mulher que ainda tentava lhe ajudar.<br />A mãe abraçou a velha e pousou sua cabeça sobre a dela. Demorou cerca de meio minuto até notar a ausência do filho. E, desesperada, ergueu a cabeça em busca dele.<br />— Pietro! Pietro, onde está você? — e sua voz decolou em gravidade. — Ah, meu Deus, pai! Ele está correndo para lá — disse, apontando para o vulto do garoto que ganhava velocidade a cada segundo.<br />O pai disparou atrás do filho, mas, obviamente, este não corria nem metade do que o jovem era capaz de correr.<br />O menino sumiu da vista do pai ao virar a outra esquina da casa. Quando o homem dos olhos cintilantes conseguiu fitar a entrada dela, somente pôde ver o filho percorrer o caminho que dava à grandiosa floresta, ainda em alta velocidade. Correu os olhos mais adiante e pôde notar a qual objetivo o filho seguia com tal intensidade. Lá estava ela. Karoline corria assustadoramente contorcida um pouco a frente do garoto de cabelos loiros.<br />O homem já sabia. Não havia mais o que fazer, o filho migrava para a entrada da floresta, e logo estaria a vagar por suas profundezas. Ele olhou para trás, como quem pensa de que modo dar à mãe a notícia de um filho em apuros. Mas seus pensamentos infortúnios foram todos liquidados ao soar de um berro vindo da grande casa.<br />Seus olhos só se desvencilharam do filho pelo motivo de este não poder ser mais visto; e por tal motivo lá foi o homem averiguar o porquê do grito proveniente, provavelmente, de uma moça. Ele se aproximou com cautela da porta, e como já estava aberta não foi necessário muito para ver que o salão de estar estava vazio.<br />Entrou e seguiu pelo corredor à sua frente. A casa era quase que totalmente improvisada com madeira, e aparentava ser bem velha. A lua ainda estava viva lá fora, dando ao interior da sala um tom azulado e obscuro.<br />O homem avançou até se deparar com a escada, também de madeira, que o levaria ao segundo andar. Ele pousou o pé sobre o primeiro degrau, quando um gemidinho vindo da parte não iluminada da sala ecoou na vastidão deste.<br />Os olhos azuis dele se agigantaram e sua boca vacilou.<br />— Quem está aí? — disse, quase que sussurrando.<br />A resposta demorou, mas não tardou.<br />— Ela está lá em cima — a voz choramingou. — Eu tentei, mas ela me disse que estava tudo bem. Fora somente um segundo. Um segundo, só um segundo, e... ah — e caiu no choro.<br />A decisão do homem fora quase que impensada. Por breves segundos, pensou em retroceder o caminho e acalmar a jovem que estava mergulhada na escuridão, desamparada. Mas, mesmo com tais pensamentos em mente, a pena, deixou as pernas o levarem para onde a escada daria.<br />Cada passo o amedrontava ainda mais. O que faria com que a garota gritasse daquele jeito? Por que ela estaria agora chorosa em meio à escuridão daquela sala?<br />Havia muito mais a se supor ou a se questionar, mas o fato de que a verdade estava prestes a ser revelada seguia fazendo com que seu coração dilacerasse em pânico e a gelidez do ambiente tornasse seu sangue petrificado.<br />Sua face já denotava tamanha a apreensão do momento, mas os pés não perdiam movimento. Acabara de chegar ao fim da escada e lá viu quatro portas, uma em cada parte do cômodo em formato de quadrado. Uma delas estava entreaberta o que logo chamou sua atenção. Terminou de abri-la e lá, estático, parou. Sua mulher, já quase que esquecida por ele, chegou às suas costas.<br />— Deus todo poderoso! — murmurou ela, estarrecida.<br /><br /><br /><br /><br />— Karoline! Karoline, espere! — e o garoto, cujos cabelos loiros dançavam baixo o luar, ainda persegui-a ofegante.<br />Ela não cessara, e corria a ritmo incansável. O caminho deles começava a tornar-se mais difícil, e os relevos do solo aumentavam de acordo com a distância percorrida.<br />O garoto pensava em desistir. Suas pernas doíam como se fosse os ossos os principais causadores da dor, mas já percorrera estrada demais para acabar com aquilo assim, estava decido a não fazê-lo; não a essa altura do campeonato.<br />Sua visão começava a se embaçar pelo cansaço, quando a gravidade o levou consigo. Não percebera o barranco à frente e seu corpo foi automaticamente engolido pela irregularidade do sólo.<br />Seu corpo rolou até perder movimento, e dar-se com a mão de Karoline à sua frente.<br />— Karoline! Você está bem? — e levantando de pronto, pôs-se a examinar a amiga inconsciente.<br />As mãos do garoto levaram o rosto da garota para a luz. Esta, cujo rosto era pálido e macio, levava na testa uma ferida que provavelmente ganhara ao desabar morro abaixo. O sangue vermelho tingia os arredores do ferimento dando um ar mortífero à garota desacordada. A lua fazia seus belos e ondulados cabelos castanhos brilharem com o passar da luz entre as frestas da folhagem das árvores, e tornava ainda mais bela a misteriosa conhecida.<br />— Ah, Karoline! O que foi que te aconteceu? — e deitou o rosto da garota sobre seu peito magricela.<br />Era madrugada, mas a noite só caiu para eles quando o sono os derrubou. A floresta nunca fora tão acolhedora como naquele dia. Em seu leito descansavam uma garota desacordada de pedra e um amigo fiel. </div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com19tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-84379927191161954002008-11-10T21:26:00.000-02:002009-01-11T18:16:35.762-02:00Os Primordianos (Parte I)<div align="justify">O vilarejo de Rocksvallow sempre fora um ótimo lugar para se viver. Ainda que não muito conhecida a cidade, bem sabiam disso os moradores dela.<br />Localizada adentro duma gigantesca floresta, atrás dos mais altos rochedos, a cidade era povoada quase que inteiramente por povos nativos, assim, devido à sua inacessibilidade. Vez por outra, surgidas de expedições desventuradas, em sua maioria biólogos, almas eram acolhidas pela população atenciosamente humana e conservadora.<br />O comércio era exclusivamente interno e, assim como este, o artesanato e outras atividades necessárias à sobrevivência de seus habitantes.<br />As casinhas eram bem arquitetadas, e as famílias bem posicionadas. Dizia a lenda que reinava sobre todos aqueles a normalidade humana; aqueles que não foram corrompidos com o passar do tempo.<br />Que mais não fosse, nesse dia, já era tarde da noite, quando veio a contradição a estes pobres pequeninos. Quem diria que, dentre tantas outras, Rocksvallow seria a primeira a conjurar verdade aos sonhos de uma criança; esta que residia do outro lado da gigantesca floresta.<br /><br /><br /><br />Afora da casa, os curiosos eram pobremente iluminados pela penumbra da lua cheia, que pendia num céu obscuro e alagadiço. Suas pernas eram pouco a pouco tragadas pelo matagal que margeava a casa, assim, pelo fato da aproximação de todos.<br />Os rostos aflitos eram, vez por outra, delatados pelo tom prateado que dava, a eles, a lua. Uma destas faces era a de uma mãe que avança, rumo à casa, segurando a mão da filha, que nada entendera ao voto que todos davam à casa quase baldia. Seu rostinho comprimia-se à dúvida de cada passo, mas se transformou junto ao gritinho agudo que dera quase que involuntariamente, ao ouvir gritos que vinham da casa à frente deles.<br />— É a voz da Karoline, mamãe. Eu sei que é — disse, agora, um menino de cabelos loiros, que acabara de emergir das profundezas do mato.<br />— Deus tenha misericórdia — disse, mirando a única janela que delatava luz na casa; esta que estava posicionada no andar de cima. — Ora, veja lá seu pai. Vamos ter com ele.<br />O garoto, a menina e a mãe seguiram rasgando a brenha até alcançarem um homem magricela e alto fitando a janela acima deles. O pai destes possuía ondulados cabelos grisalhos, e seus olhos azuis claros reluziam ainda mais o luar, agora, muito mais intenso.<br />— Sabe o que deu a ela? Digo... para gemer assim? — Sussurrou o homem à mulher.<br />— Disseram que ela seguia esquisita. Perdida em si mesma. Marta andava morta de preocupações pela filha, então aconselhei-a a se desvencilhar disso.<br />— Mamãe, eu estou com medo — disse a garotinha, baixinho.<br />— Ora, deixe de bobagens, menina! Não há do que se ter medo — retrucou ela, e, ainda que insegura do que acabara de dizer, não poderia transmitir preocupações à filha tão nova como era.<br />Os quatro seguiram ali, agachados, até que um estrondo rugiu da porta dianteira da casa. Os dois adultos levantaram num solavanco, e puseram-se a capturar com os olhos o que havia de ter produzido o barulho. Eles olharam à direita, mas esta dava-lhes uma visão desprivilegiada dos fatos. A idéia inicial partiu do pai, e logo, lá estavam eles, todos correndo na direção da entrada da casa.<br />Já estavam prestes a virar a esquina da casa, o que daria a eles respostas às suas dúvidas, quando uma velha corpulenta desabou aos seus pés. A camisa era surrada, e vestia, também, uma saia marrom, os pés estavam descalços, mas quem a delatara fora seu cabelo armado e em tons de cinza.<br />— Sra. Mendes, a senhora está bem? — Adiantou-se a mãe das crianças.<br />— Ela está louca. Está logo ali, e louca — disparava ela, inteiramente assombrada.<br />— Quem... quem está louca? — Vacilou a mulher, agora acuada.<br />— Karoline! — E a voz da velha profanou os ouvidos daquela família.</div><div align="justify"></div><div align="justify">(...)</div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com30tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-81579861780616251522008-11-06T19:48:00.000-02:002008-11-24T14:24:56.568-02:00Alucinações desventuradas (trecho)<div align="justify">Havia um garoto e também uma avenida vazia, e, aos lados, as calçadas davam cena a grandes prédios. O céu estava branco como a neve e a cidade parecia inteiramente pálida. Não havia sinal de vida alguma pelos arredores, apenas uma grande névoa que o impedia de enxergar a grandes distâncias. O frio parecia ter invadido todo o lugar, e, devido a isso, das árvores as folhas haviam sido extirpadas.<br />O menino pôs-se a andar, estava de pijama e levava na mão um urso de pelúcia surrado. Prosseguiu andando lentamente e observando a monotonia da região. Não se escutava som algum exceto o do vento vagando pelas ruas desertas. Por entre o vão das cortinas que adornavam as janelas dos apartamentos podiam-se ver luzes semelhantes às de televisores ligados, o que deixava incerta a hipótese de total escassez de vida naquele lugar.<br />O garoto seguiu andando, e, à medida de cada passo seu, o frio ambiente parecia penetrar-se em seus músculos assim como o medo é capaz de fazê-lo.<br />Logo, chegara a uma praça num quadrado central que dava entrada a três outras ruas, uma em cada extremidade. Passou por seu interior pisando sobre as folhas secas, que ao serem quebradas pelos pequenos pés do garoto, realizavam os únicos sons do lugar. Fitou um chafariz logo a frente que dava ênfase a uma estátua de um anjo, cujos inimigos, pequenos e sombrios, entrelaçavam-se meio suas pernas. Ao terminar a travessia havia um homem na rua paralela à de sua origem. Atravessou o portão da pequena praça e dirigiu-se a ele chamando-o.<br /><em>‘Moço’, ‘Moço’</em>. Mas não houve reciprocidade.<br />O homem seguiu ali, estava de costas para o menino e numa posição um tanto curvada. Suas roupas eram brancas e estavam manchadas por algum material amarronzado.<br />O garoto seguiu se aproximando e chamando-o. Logrou. Ao colocar a mão sobre o ombro do desconhecido o homem virou-se num reflexo só. Possuía dois olhos totalmente brancos. Brancos como o céu daquele dia. Suas feições eram distorcidas e insanas.<br />Dando um salto para trás o menino pôde sentir suas costas perderem movimento ao bater num elemento sólido. Ao virar-se era mais um deles, mais um dos milhares que havia às costas deste outro. Milhões deles haviam tomado as ruas que há poucos minutos atrás se encontravam despovoadas. Avançaram sobre o menino aos urros. Um mar de insanidade o engoliu e abafou seus gritos.<br />Sua mão foi a que mais resistiu, ainda segurava o ursinho, que numa fração de segundo, afundou meio às criaturas; indo de encontro a seu dono. </div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com22tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-78180005196638226602008-11-02T16:47:00.000-02:002008-11-04T20:06:31.722-02:00(Quase que) Invariável<div align="justify">Não havia Alice, nem Gilberto. Nem Pietro, nem Alberto. Foram crianças esquecidas com o passar do tempo. Não brotaram do repolho, nem sobrevoaram sobre nossas cabeças razando o vento. Saíram do ventre das mais imperfeitas mulheres provieram dos mais insanos homens; frutos do método mais confundível de amor.<br />Ainda assim, nivelados por baixo, cresceram, como todas as crianças normais. Levaram uma vida pacata num lugarzinho denominado orfanato. Todos unidos, durante a infância, criaram um vínculo inconfundível, como irmãos.<br />Deram-lhes respectivas denominações, devido às suas peculiaridades. Ela, a silenciosa, temerosa, de olhos profundos e cabelos esvoaçantes. Alberto Goberto, filho do sol; enquanto fria fosse Alice, ele ‘luzia’ seu sorriso aos corredores de concreto escuro. Gilberto, espertalhão, encrenqueiro que só ele, parecia um furacão. E Pietro, fosse o último em tudo na vida, o obscuro; talhado a vagar, o último a se soltar.<br />Adotados foram os três primeiros, dotados de pais, já não havia mais anseio. Um quarto só seu, regras a zelar, era uma nova casa, havia quem lhes cuidar.<br />Assim o tempo foi passando, flexível que só ele. As crianças cresceram de verdade, tratando da profecia com muita veracidade. Personalidades foram criadas, as famílias descuidadas.<br />Alice, perdida na noite, mora num cômodo só, o banheiro é emporcalhado e o chão de soalho molhado. Em sua ‘casa’, homens vão e vêm. Quem proferiria a ela o destino que hoje tem?<br />Alberto, Alberto, passou bem perto, não fosse outro abandono. Escola pública, depois as drogas. Hoje, lixeiro, três filhos, extremamente noveleiro. Vida comum, você diria, um trauma ao que, com ambição, a vida via.<br />Gilberto tornou-se débil de tão esperto. Bandoleiro de esquina, fora nocauteado por uma menina. Já ia se retirando, quando um tiro pegou-lhe certeiro. O sangue espalhou na calçada, a menina jaziu como um herdeiro.<br />Pietro fora o último, sempre o último. Trajado de branco hoje vive, num mundo paralelo, onde só ele existe. Os ramos de flores afagam-lhe o pensar, a brisa refresca até saciar. No dia, três refeições e alguns comprimidos, não imagine você que ele esteja deprimido. No hospício, só há tristeza aos que vêem de fora, mas não aos que dentro residem, muito mais adentro do que se pode supor por hora.<br />Nessas nossas famílias só há o que se queixar, psicologia não é o que se deve levar. Preços são pagos por pura ignorância, de, ao menos um dia, sequer tentar. </div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com12tag:blogger.com,1999:blog-1861186085126660107.post-83475362059466011722008-10-31T16:42:00.000-02:002008-11-01T11:34:41.475-02:00Bem-vindo seja aquele que sente<div align="justify">Chegou em passos mansos. Sono vibrante.<br />Ainda que de mente vazia, permanecia historiante. Vez por outra soavam-lhe vozezinhas demonstrando educação, e logo sumiam nas barreiras de concreto.<br />“Vai, vai. Vai!” — Ouviu-se a voz vacilante do velhote pelos corredores e, então, viu passar o destemido num passear acelerado.<br />A principio não notara estranheza alguma. Desvencilhou-se e, diante dele, a discrepância momentânea.<br />— Olá! — estendeu-lhe a mão, a pequena criatura. Tinha olhos amendoados, extremamente notáveis, e nada mais. Como poderia eu descrever com maior profundidade tais esferas tão preciosas. Elas certamente me queimariam a visão.<br />O recíproco gigante de cabelos ondulados mostrou-se desengonçado. Mesmo sem muito domínio, abraçou a mão do garoto com a sua outra. “Olá!” disse, retribuindo-lhe o cumprimento com um sorriso amarelo. Tentou ser simpático.<br />A criaturinha pôs-se de costas a ele e seguiu caminho. Sumiu ao virar a esquina do pátio inaudível.<br />O pensador seguiu ali, fitando o chão como quem tenta fugir dos arredores. “As crianças não são assim, não como ele. Não fazem o que ele fez, assim. Há magia naquele pequenino, há magia, e eu a quero para mim. Quero abraçá-la e sentir o que tem a me oferecer de admirável.”<br />O pensamento seguia corroendo-lhe o ego, e lá estava o rompedor de silêncio de volta. Como num baque, o chão do Admirador estremeceu. Era a realidade acarinhando-lhe o rosto. Um tapa na cara, como tão somente ela tem aptidão em servir.<br />A insanidade da criança, demente, lhe sorriu. Desfilou o corpinho por esta tomado, e ainda que seu olhar fosse fulminante podia senti-la, estava sorrindo, mostrando-lhe seu futuro. Seu doloroso futuro. Percorreu o caminho realizando obscenidades. Assustou-se ao notar o vínculo, o real interesse em ser verídico. Apavorou-o vê-lo daquela forma.<br />“Pena!” pensou o ancião desconcertado. “Outro injustiçado. Talvez não saiba, ainda. Ou, talvez, seja eu querendo saber demais.”<br />A essência que percorrera aquele ambiente anuviado, branco, não fora o sorriso da insanidade, nem o encantador ato da criança. Tampouco minhas palavras relatando essa metáfora horripilante. Está em você senti-la.</div>@HUGOCEREGATOhttp://www.blogger.com/profile/15890260362102142347noreply@blogger.com11